Blogue das Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas da Guia

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Dia do Bolinho e Halloween:

duas tradições, o mesmo sentido.

Se no dia 1 de novembro um grupo de miúdos lhe bater à porta, a cantarolar: “Bolinhos e bolinhós/Para mim e para vós./Para dar aos finados/Qu’estão mortos, enterrados./À porta da bela cruz/Truz! Truz! Truz!/ A senhora que está lá dentro/Assentada num banquinho./Faz favor de s’alevantar/P’ra vir dar um tostãozinho.”, abra-a e aceda ao seu pedido.

Quem dá alguma coisa em troca poderá ser presenteado com a seguinte lengalenga: “Esta casa cheira a broa/Aqui mora gente boa./Esta casa cheira a vinho/Aqui mora algum santinho”, mas para quem nem chega a abrir-lhe a porta estão reservadas outras palavras: “Esta casa cheira a alho/Aqui mora algum espantalho./Esta casa cheira a unto/Aqui mora algum defunto”.

Reza a história que o Pão por Deus tem raízes num ritual pagão, associado às oferendas aos mortos, que foi cimentado um ano depois do terramoto de 1755, quando a população mais pobre de Lisboa começou a sair às ruas, batendo à porta dos mais afortunados para aliviar um pouco a fome.

A tradição manteve-se ao logo dos tempos, sobretudo fora das grandes cidades, e com duas alterações significativas. O “peditório” passou a ser feito apenas por crianças, e, em vez de pão, os donos das casas dão hoje bolinhos, romãs e frutos secos ou doces e guloseimas. Para contentamento de alguns, também há quem dê dinheiro.

A festa do Halloween - o termo tem origem na expressão em inglês “All Hallow’s Eve” (Véspera de Todos os Santos) - foi levada pelos irlandeses para os Estados Unidos da América, onde se popularizou. Diz a lenda que de dia 30 de outubro a 2 de novembro os mortos voltavam a povoar a terra e viravam fantasmas! As pessoas só se atreviam a sair à rua mascaradas de assombrações, para passarem despercebidas.

Não se espante se ouvir por estes dias, melhor dizendo, por estas noites as cantilenas portuguesas do Dia do Bolinho ou as famosas palavras “Doçuras ou Travessuras” da tradição anglo-saxónica.